Dói para gestar, ter os seus órgãos todos comprimidos dentro de você. Dói na hora de parir, uma dor que te rasga diversas vezes. Dói na hora que o teu filho chora e você não sabe o que fazer. Dói quando você está exausta e não consegue uma noite decente de sono. Dói quando você amamenta e os teus seios parecem que serão arrancados do teu corpo.
Mas preciso confessar que a maior dor vem depois que essas se vão.
Dói saber que você vai criar o seu filho num mundo cruel. Um mundo sem piedade, onde empatia é celebrada como ano novo e amor ao próximo é tão raro quanto uma estrela cadente.
Dói perceber que, por mais que se esforce, você não vai conseguir proteger o seu filho dos males deste mundo. Tanto de situações de perigo quanto de pessoas ruins.
Na verdade, as situações de perigo preocupam-me menos do que as pessoas ruins. Dói saber que existem pessoas de má índole, de caráter duvidoso, de doenças perversas e sociopáticas. Pessoas que podem fazer mal ao seu filho apenas para se satisfazer. Isso dói tanto! Uma dor que dilacera e faz com que o sono não seja tranquilo.
Vi uma notícia de um padrasto que fez algo terrível e a criança de 2 anos (!) faleceu. Chorei. Chorei muito. Fui dormir e tive pesadelos. Acordei a chorar e corri para o quarto do meu filho, meu menino, impotente. Eu não vou conseguir proteger ele de todo mal. E que desespero isso dá.
Dói segurar o teu filho nos braços e sentir que, mesmo que você dê o seu mundo, ele não vai ser suficiente. Que toda essa alegria e toda essa inocência que mora ali precisa ser protegida e que você precisa de se esforçar ao máximo para conseguir isso.
Dói saber que esse coraçãozinho que mora fora de você vai chorar e vai sangrar de tristeza. E as lágrimas que serão derramadas serão suficientes para desmoronar os seus muros e abalar as suas estruturas.
Dói também saber que ser mãe é a maior alegria e o maior desespero de uma vida. Sentir o seu coração encher e transbordar e acelerar e quase parar todos os dias, pelos mais diversos motivos, seja aquele sorriso banguela ou aquela queda de cara no tapete da sala.
Ser mãe é sentir uma dor constante, seja ela presente ou futura. É sofrer por antecipação, é morrer de amor e de alegria. E ficar feliz por morrer por esses motivos.
Ser mãe dói. Mas é maravilhoso mesmo assim.
Fonte: Tatiane Braz