
Clementina Almeida psicóloga e autora do livro “Socorro! O meu bebé não dorme” diz: Um bebé que não dorme e chora precisa de colo e mimo. Fazer birra não é manha e não há “treinos do sono”.
Não existem treinos ou métodos milagrosos que ponham os bebés a dormir tranquilamente e durante toda a noite. Esta é, talvez, uma das principais premissas de Clementina Almeida, psicóloga clínica há 25 anos e especialista em bebés. Clementina é também a autora do livro “Socorro! O meu bebé não dorme” (Porto Editora), onde apresenta explicações científicas — escritas de uma forma acessível — que ajudam a compreender os hábitos de sono dos bebés.
Há mitos que Clementina Almeida faz cair por terra ao longo de 156 páginas e, também, ao longo desta entrevista. Ao Observador, a psicóloga que também está certificada em saúde mental infantil no Reino Unido e nos EUA, além de ser fundadora e investigadora doBabyLab da FPCE-UC, um dos laboratórios da Universidade de Coimbra, explica que existem fatores económicos e sociais que direta ou indiretamente pressionam os pais a “ensinar” os seus bebés a dormir.
E ao contrário do que muitos pensam, pegar ao colo e mimar um bebé é sinal de um desenvolvimento cerebral sustentável, até porque manhas é coisa que os adultos inventaram: “Os bebés não têm manhas, isso são coisas dos adultos. Os bebés precisam que lhe respondam e isso é a base de um desenvolvimento cerebral saudável. O mimo não estraga: os bebés não passam do prazo de validade. É preciso dar muito mimo para que sejam adultos seguros no futuro.”
Tem-se falado muito nos “treinos do
sono”. O que é isso e quais são os seus principais perigos?
Tem que ver com a suposição de que o
bebé pode ser treinado e que consegue aprender a adormecer sozinho ou a dormir
a noite toda, coisas que em termos do desenvolvimento de um bebé são
impensáveis. Estes métodos representam perigos para a saúde de um bebé,
nomeadamente para o seu desenvolvimento cerebral e psicológico, uma vez que a
maior parte deles criam sensações de abandono. Ou seja, os métodos exigem
colocar os bebés nos berços para que estes se acalmem sozinhos; quando começam
a chorar os pais vão lá e pegam neles, para depois voltarem a deixá-los e os
bebés voltarem a chorar. Isto é contranatura, porque efetivamente os bebés não
vêm preparados para dormir sozinhos, além de ser uma experiência, no mínimo,
muito negativa, esta de ser deixado a chorar para adormecer.
E pode ter consequências a longo prazo?
Sim, porque na realidade os bebés não
aprendem a adormecer sozinhos nem a acalmar-se sozinhos. O que aprendem é que
não vem ninguém quando eles choram, a isto chama-se “desânimo aprendido”. É um
pouco depressivo para um bebé aprender isso logo no início da sua vida. Em
termos neurológicos, quando os bebés estão a chorar estão em stress, estão a
pedir ajuda porque dependem do outro para sobreviver e, por isso, libertam
cortisol — o cortisol em excesso e durante longos períodos (ou períodos
repetidos) vai literalmente queimar neurónios. Atenção que este é o período de
maior desenvolvimento e crescimento cerebral que nós temos na vida. Além disso,
sabemos que quando o bebé se cala, mesmo passados dois ou três dias, os níveis
de cortisol continuam elevados e a destruição de ligações também continua.
“Os ‘treinos do sono’ representam perigos para a saúde de um bebé, nomeadamente para o seu desenvolvimento cerebral e psicológico, uma vez que a maior parte deles criam sensações de abandono.”
O treino que estava a descrever parece
semelhante ao que é proposto por Estivill.
Exatamente, é o método Estivill ou o
método Ferber. Baseiam-se todos na mesma prática, de tentar que os bebés se
acalmem sozinhos e que adormeçam sozinhos por longos períodos. Note-se que o
próprio Richard Ferber veio pedir desculpas aos adultos que foram treinados por
este método. Estamos a falar de um pediatra muito conhecido, que trabalha em
Boston, e que há 20 anos não tinha o conhecimento das neurociências que nós
temos hoje em dia — eles não tinham como saber os danos que podiam causar.
Porque é que acha que estes métodos
ficaram tão populares?
Primeiro, eles já foram propostos há
muitos anos, há décadas. Depois, nós não tínhamos a noção do que é que se
passava dentro do cérebro de um bebé quando estes métodos foram aplicados. Eles
foram veiculados por muitos canais de informação e as pessoas tiveram acesso a
eles e, portanto, tentaram de algum modo aplicá-los. Efetivamente os bebés
deixavam de chorar por desânimo aprendido, não por estarem a dormir. Nos
últimos 20-25 anos, mais no EUA, houve uma proliferação enorme de “conselheiros
do sono” e de livros acerca do sono do bebé, porque nos últimos 50 anos o sono
tornou-se uma das grandes preocupações para os pais, mais por imperativos
sociais e económicos do que pelo desenvolvimento do próprio bebé. É fácil
compreender o motivo por que estes métodos se tornaram extremamente populares.
“Nós não tínhamos a noção do que é que se passava dentro do cérebro de um bebé quando estes métodos foram aplicados. Eles foram veiculados por muitos canais de informação e as pessoas tiveram acesso a eles e, portanto, tentaram de algum modo aplicá-los.”
Sendo que há muita oferta sobre este
tipo de literatura, em que é que o seu livro se diferencia?
A diferença é que eu não sou
“conselheira do sono”. Os “conselheiros do sono” são pessoas que nem sempre têm
formação de base na área da saúde e que fazem um curso específico, superficial,
sobre o sono do bebé. São cursos de uma semana e alguns deles incluem um módulo
de marketing sobre o seu próprio negócio — dá para perceber o tipo de curso de
que estamos a falar. Depois, são pessoas que utilizam sempre o mesmo método
para todos os bebés (e todos os bebés são diferentes). Eu sou psicóloga
clínica. Sou especialista na área dos bebés e tenho uma prática de 25 anos em
psicologia clínica. Também sou investigadora e trabalho num laboratório de
investigação acerca dos comportamentos dos bebés, em Coimbra. Todo este livro,
apesar de ter tentado que fosse o mais simples possível em termos de leitura,
de maneira a ser acessível a todos os pais, está apoiado nas mais recentes
investigações científicas sobre o desenvolvimento do bebé, incluindo o sono.
Pode desenvolver a ideia dos imperativos
sociais e económicos, que são colocados acima das necessidades do bebé?
Se repararmos, temos licenças de
maternidade muito curtas, algo muito diferente do que acontecia há 100 anos,
quando tínhamos as mamãs em casa a cuidar dos filhos. Hoje em dia, as mulheres
trabalham, trabalham muito, e ao fim de seis meses têm de voltar ao trabalho. A
única coisa que perturba o sono de uma mãe é o sono do bebé. Se um bebé não
andar aos 14 meses, não se ouve ninguém dizer “tem de andar, tem de o forçar…
ele tem de cair e chorar…”, porque isso não vai perturbar o sono da mamã que
tem de trabalhar ao fim de seis meses. De facto, aos seis meses os bebés não
estão capazes de dormir as noites todas ou o número de horas que uma mamã
precisaria para ir trabalhar no dia seguinte. Estes treinos têm como objetivo
pôr os bebés rapidamente a dormir e de forma independente, ou seja, vão contra
o seu desenvolvimento porque efetivamente a economia da sociedade precisa que
as mães estejam a trabalhar — a única coisa que está a perturbar isso é o sono
do bebé.
“Os ‘conselheiros do sono’ são pessoas que nem sempre têm formação de base na área da saúde e que fazem um curso específico, superficial, sobre o sono do bebé. São cursos de uma semana e alguns deles incluem um módulo de marketing sobre o seu próprio negócio.”
Que mitos sobre o sono do bebé é que pretende fazer cair por terra?
Não sou eu, é a ciência. Não digo nada de novo, o que eu faço é traduzir muito do que ainda está em artigos científicos, como acontece de resto em todas as áreas do saber — tudo aquilo que está nos artigos científicos demora algum tempo a passar para o conhecimento prático do dia a dia. Os mitos passam por esta questão de os bebés não serem independentes. Os bebés vêm milenarmente programados para serem seres dependentes, eles são o computador mais sofisticado em termos de aprendizagem que temos e, para isso, precisam de ter alguém que cuide deles, que lhes dê afeto, segurança, alimento e conforto. Não são capazes de ser independentes, muito menos de se auto-regularem. Nós em adultos também temos alguma dificuldade, nem sempre as nossas formas de auto-regulação funcionam e, às vezes, temos de fazer terapia. Imagine-se então um bebé de seis meses…

Idealmente, qualquer pai quer que um
bebé durma a noite toda. Isso também é um mito, não é?
Sim. Alguns bebés conseguem dormir cinco
horas por noite, mas nem todos conseguem chegar a isso. E essas cinco
horas/noite são o que nós consideramos uma noite completa para um bebé e não
uma noite completa para nós.
Imaginemos crianças dos zero aos seis
meses. Quantas horas por dia é que devem dormir?
Em relação ao número de horas que os bebés dormem por dia… ele varia muito e,
sobretudo, no primeiro ano de vida. Só no final do primeiro ano de vida é que
temos algum tipo de médias. O facto de um bebé dormir mais cinco horas do que
outro não significa que seja anormal. De facto, há uma grande variabilidade no
número de horas que os bebés precisam de dormir. Só no final do primeiro ano é
que as coisas começam a ficar um pouco mais estáveis, sendo que todos começam a
precisar mais ou menos de um número de horas semelhantes. Há, portanto, uma
grande variabilidade que pode ir até às cinco horas por noite. Os bebés não
dormem só de noite. Nos primeiros seis meses temos bebés a dormir normalmente
muitas horas, que podem ser 12 mas também 15. Dormem-nas de forma muito
repartida ao longo de 24 horas, com vários despertares.
“Se repararmos, temos licenças de maternidade muito curtas, algo muito diferente do que acontecia há 100 anos, quando tínhamos as mamãs em casa a cuidar dos filhos. Hoje em dia, as mulheres trabalham, trabalham muito, e ao fim de seis meses têm de voltar ao trabalho. A única coisa que perturba o sono de uma mãe é o sono do bebé.”
Qual a importância das sestas, isto é,
do sono diurno?
O sono diurno regula o sono noturno. É um sono que ativa áreas diferentes do
cérebro e que trabalha memórias que não são trabalhadas no sono da noite. A
verdade é que quanto melhor for a qualidade do sono das sestas, melhor é a
qualidade do sono da noite, o que significa menos despertares antecipados.
Quais são os perigos de um bebé dormir a noite toda, na aceção de um adulto?
Nos mais pequenos há o risco de os bebés poderem parar em termos respiratórios. Podem também não se alimentar o suficiente, uma vez que todos estes despertares estão programados não só em relação ao afeto que os bebés precisam e ao desenvolvimento cerebral, mas também tendo conta as suas necessidades de alimentação — no início, os estômagos dos bebés são muito pequeninos, pelo que precisam de ser amamentados regularmente. Progressivamente, os bebés vão desenvolvendo um padrão neurológico do sono, que se vai aproximar daquilo que é o padrão neurológico do adulto.

É possível explicar, de forma sucinta,
as grandes diferença entre o sono do adulto e o sono do bebé?
As grandes diferenças têm que ver com a
forma como os bebés adormecem, que é completamente diferente da nossa. Nós
adormecemos em sono profundo e eles adormecem em sono leve, o equivalente ao
nosso sono REM. Têm, portanto, um sono do qual podem despertar mais facilmente.
Depois, entra a questão dos ciclos de sono. Nós fazemos ciclos de sono de hora
e meia, com períodos em que estamos suscetíveis a despertar de quatro em quatro
horas, enquanto os bebés fazem-no de hora a hora. Essas são as grandes
diferenças.
O livro fala muito sobre a questão de os
pais terem receio de acarinhar ou socorrer o bebé, com receio de que este ganhe
manhas… Porque é que acha que os pais acreditam que os bebés se conseguem
acalmar sozinhos?
Os bebés não têm manhas, isso são coisas
dos adultos. Os bebés precisam que lhe respondam e isso é a base de um
desenvolvimento cerebral saudável. O mimo não estraga: os bebés não passam do
prazo de validade. É preciso dar muito mimo para que sejam adultos seguros no
futuro — coisa que, no fundo, é o nosso instinto. Isso são projeções que
fazemos, manhas têm os adultos e não os bebés. Os bebés não conseguem ter
manhas, têm é necessidades e arranjam a melhor forma para as ajudar a fazer
conhecer e para tentar satisfazê-las. Algumas dessas necessidades são de
conforto e de colo, o que é uma necessidade básica.
“O sono diurno regula o sono noturno. É um sono que ativa áreas diferentes do cérebro e que trabalha memórias que não são trabalhadas no sono da noite. A verdade é que quanto melhor for a qualidade do sono das sestas, melhor é a qualidade do sono da noite, o que significa menos despertares antecipados.”
O que acontece a um bebé cujo choro não
é atendido pelos pais?
O choro é, na realidade, uma das
primeira formas de expressão do bebé. O bebé exprime-se essencialmente através
do corpo e vai-nos dando alguns sinais, o choro é um deles. Como as
competências de comunicação não são as mais elaboradas, eles utilizam o choro
para transmitir as suas necessidades. Pode ser fome, pode ser desconforto…
O choro não deveria ser, então, uma
coisa que os pais devessem temer?
De maneira nenhuma, muito pelo
contrário. O que nós sabemos, e que os estudos acabam por reforçar, é que os
bebés precisam de colo. O afeto e o amor é a base para o desenvolvimento
cerebral. Ou seja, não há estimulação neuronal sem a base afetiva pelo meio,
não é possível uma coisa sem a outra. Chama-se, inclusive, o jogo de dar e
receber — o bebé faz e o adulto responde e assim sucessivamente. Isso é a base
para criarmos seres humanos seguros e felizes, pelo que não devemos ter medo de
todo.
Dando um exemplo prático e real, o que
aconselha à mãe de uma bebé de dois meses que não consegue pregar olho durante
o dia, apesar do cansaço visível?
Provavelmente o que está a acontecer é que os pais não estão a conseguir captar
os sinais de sono do bebé. Normalmente os sinais que vemos por aí espalhados na
Internet, como o bebé começar a esfregar os olhos ou a coçar orelha, não estão
corretos. São antes sinais de que o bebé está a dizer que já não vão conseguir
pô-lo a dormir, porque ele já está inundado em cortisol e, por isso, vai ter
muita dificuldade em relaxar o seu sistema nervoso. Provavelmente estamos a
deixar passar algum sinal de que o bebé precisa de descansar, que por norma são
sinais mais discretos. É por exemplo o facto de o bebé ficar com um olhar mais
parado e não reagir de imediato ao nosso estímulo. Esses são os sinais de que o
bebé precisa de dormir, a seguir vão vir os sinais de que ele já está em
desalinho completo e já não vai conseguir adormecer com tanta facilidade.
“O afeto e o amor é a base para o desenvolvimento cerebral. Ou seja, não há estimulação neuronal sem a base afetiva pelo meio, não é possível uma coisa sem a outra.”
Passando esses sinais, do olhar disperso e da lentidão a responder, o que é que os pais devem fazer para tentar adormecer a criança?
Pegar ao colo é importante, porque ajuda a fazer a integração de toda a informação sensorial e ajuda o sistema nervoso a relaxar. O próprio pressionar o corpo ajuda o bebé a relaxar, bem como o ato de embalar e a criação de um ambiente mais zen. Nada de deixar que o bebé durma de dia com luz e com a televisão acesa, e à noite com escuridão e sem estimulação nenhuma — qualquer dia também queremos que eles tirem café, já que eles fazem tudo. Tudo isto dá sinais ao cérebro e não podemos dar sinais que sejam contraditórios.

Porque é que os bebés resistem tanto ao
sono?
Os bebés resistem ao sono porque
deixamos passar os sinais e eles ficam cheios de cortisol — chama-se o ‘efeito
vulcânico’ porque eles ficam muito irritados e não conseguem dormir; é como nós
termos um dia cheio de trabalho e, chegada a noite, não conseguimos descansar,
o cérebro não consegue desligar, vêm ideias à cabeça, apesar de sabermos que
queremos descansar. Os bebés ficam exatamente nesse estado de exaustão e, por
outro lado, eles estão a passar pela maior fase de desenvolvimento cerebral e,
portanto, dormir é a coisa mais aborrecida à face da terra. Dormir e comer é
algo que eles, mais tarde, vão dispensar. Eles querem é coletar dados acerca do
mundo e das pessoas. Até ao primeiro ano o trabalho científico deles é coletar
dados sobre os objetos, como é que eles se comportam. A partir daí o que lhes
interessa são as pessoas. Por isso é que às vezes vemos pessoas a dizer que os
bebés estão a desafiá-las… nada disso, eles estão só a reunir dados.
O não dormir não é uma manha, mas antes
uma reação química do corpo?
Sim, é o desenvolvimento cerebral a
dar-se, quer dizer que o bebé está a fazer o trabalho dele, que é ser um dos
melhores cientistas à face da terra. Não dormir é problemático para nós, para
eles não.
“Os bebés resistem ao sono porque deixamos passar os sinais e eles ficam cheios de cortisol — chama-se o “efeito vulcânico” porque eles ficam muito irritados e não conseguem dormir.”
Que rotinas para adormecer é que aconselha?
O essencial é que a rotina seja o mais zen possível, ou seja, que consigamos diminuir toda a estimulação à volta para que o cérebro não continue a reter informação. É necessário um ambiente mais calmo, mais convidativo ao sono e escuro, bem como retirar o bebé de zonas onde há muita gente a falar ou há uma televisão ligada. Ouvimos dizer que os bebés ou a crianças pequenas têm de ir para a cama muito cedo, caso contrário não criam a rotina de ir para a cama às 21h. Mas sabemos que muitos pais chegam a casa depois das 21h. Se um bebé não tiver mãe e pai suficiente no seu dia, garanto que ele vai acordar de noite para ter mãe e pai. Agora, esse não é o melhor tempo de qualidade para o bebé ou para os pais. O ideal é a família adaptar-se a uma rotina, ou seja, ser consistente todos os dias, de maneira que haja uma certa previsibilidade para que o cérebro saiba que aquilo vai acontecer e para que se vá adaptando. Falo de uma rotina que seja confortável para cada arranjo familiar.

O que é que esta rotina poderá incluir?
Pode incluir o diminuir as luzes,
diminuir a estimulação auditiva, o embalo, o cheiro de alfazema no quarto, que
é calmante, e a rotina do banho — nos primeiros tempos os bebés são, por vezes,
resistentes ao banho e mais para o fim começam a achar piada e o banho
transforma-se numa brincadeira, o que pode ser bom em termos de rotina. Pode
até ser um momento de qualidade para brincar e pode ajudar o bebé a acalmar
antes de ir dormir. Já agora, não se deve confundir locais onde o bebé adormece
com locais de grande brincadeira. Se o bebé brinca durante o dia no berço,
depois vai ser difícil associar que ir para o berço é sinónimo de dormir.
O que fazer quando um bebé não dorme por
nada? E o que é que pode estar aqui em causa?
Tem de ser avaliado, porque há várias
situações, nomeadamente patologias que têm de ser avaliadas com mais cuidado e
com mais rigor para, depois, saber que medidas tomar.
“É preciso aumentar as licença de parentalidade ou, pelo menos, propor que as mães e os pais regressem ao trabalho de uma forma mais adequada àquilo que seria saudável para todos.”
Quando é que um pai deve ficar
preocupado?
Acho que deve seguir o seu instinto e
ter em conta caso o bebé mostre grandes sinais de cansaço, nomeadamente muita
irritabilidade durante o dia e dificuldades na alimentação. Se isso perturbar
as outras áreas do desenvolvimento, então aí é sinal de preocupação.
Já deu a entender que sociedade anda obcecada com o sono do bebé. O que falta mudar?
É preciso aumentar as licença de parentalidade ou, pelo menos, propor que as mães e os pais regressem ao trabalho de uma forma mais adequada àquilo que seria saudável para todos. Até porque entramos noutras questões, que é o facto de as mães deixarem os bebés com seis meses em infantários, que em Portugal não têm a qualidade desejável por uma simples razão — não cumprem o rácio de 1 para 1 no primeiro ano de vida, ou de 3 bebés para 1 nos dois anos. Se conseguíssemos libertar um pouco os pais nesse primeiro ano, isso seria o ideal para termos bebés mais saudáveis e sociedades mais felizes e equilibradas.
Fonte: Observador